É difícil falar de Stanley Kubrick sem caracterizar um de
seus melhores filmes, apesar de ter deixado cerca de 15 filmes todos obras
primas impares, nenhuma tanto quanto Laranja Mecânica, baseado no livro de
mesmo nome de Anthony Burgess (1962), é o mais polêmico de seus filmes, banido
da circulação pelo próprio realizador durante 30 anos, talvez em influência das
severas críticas que o seguiram. Embora a natureza humana não pode ter mudado
desde 1971, os padrões de cinema tem. A força motriz por trás da obra foi mais
de Kubrick do que de Burgess, estilo sempre foi um dos pontos fortes de Kubrick
mesmo em seus esforços menos bem sucedidos, e uma das primeiras coisas que irá
nos atacar assistindo Laranja Mecânica atualmente é como é mais moderna do que
parece, as questões tratadas são tão urgente hoje como eram há mais de quarenta
anos atrás.
Trata-se de uma ficção científica que ocorre num futuro
próximo em que o estilismo como a visão um tanto simbolista de Kubrick faz
parte do dia-a-dia de Alex De Large (Malcolm Macdowell), o líder de uma gangue
de delinquentes, onde qualquer pessoa azarada o suficiente para entrar em seu
caminho pode ser estuprada, assaltada, espancada, assassinada, ou uma
combinação desses quatro. Após ser traído por seus companheiros Alex é preso e
se candidata para uma experiência científica com fins de erradicar a natureza
agressiva do ser humano, que consiste em o expor a incontáveis imagens de sexo
e violência, enquanto bombardeiam seu corpo com drogas que causam aversão
instantânea, os médicos são capazes de desenvolver uma resposta para atividades
imorais e ilegais. Após ser submetido as essas experiências, Alex é “devolvido”
ao seu mundo, porém incapaz de cometer algo impuro, o protagonista sofre as
consequências dos atos que havia praticado anteriormente.
O filme tem como objetivo a métodos ineficazes e desumanos,
muitas vezes inventadas pelos governos para conter o comportamento criminoso,
pedindo sacrifícios que estamos dispostos a fazer para viver em relativa
segurança. Depois, há a questão de saber se a remoção do livre arbítrio destrói
a humanidade essencial de um indivíduo. Mas a hipocrisia reina neste meio, a
violência é apenas o seu paladar, a sociedade está se movendo lentamente
ladeira abaixo na ideia que o filme adverte contra. Tenho a sensação
perturbadora de que, se a solução para o crime proposta pelo filme (lavagem
cerebral) foi medicamente e economicamente viável, o governo pularia de
alegria. Assim, atos contra a sociedade estão intrinsecamente ligados a uma
doença insuportável, e o criminoso sobrevivente a tudo isso é capaz de se
reintroduzir a sociedade e tornar-se um zumbi produtivo.
Não há dúvida de que o trabalho de McDowell aqui é uma dos
melhores de sua carreira, Alex é praticamente o único personagem do filme que
tem um senso de individualidade. É por isso que o público se identifica com
ele, ainda que com dificuldade, através de seus atos desprezíveis. Ele existe
em um universo de tolos. Kubrick nos
apresenta um mundo distópico tão idiota e superficial que quase merece ser
aterrorizados por alguém como Alex. Não
há abundancia de nudez, sexo e violência em Laranja Mecânica
. E, enquanto o sexo não é pornográfico e a violência não é explícita, não é um filme
fácil de absorver ou digerir.Depois, há o uso da música, no filme é variada,
com 9ª Sinfonia de Beethoven, William
Tell Overture de Gioacchino Rossini e Singin 'in the Rain, provando que toda e
qualquer arte pode ter duplos significados.Apesar da polêmica em torno de seu
lançamento, para a época, Laranja Mecânica foi, naturalmente, um filme chocante
e violento, e seu sadismo ainda tem um poder inquietante, é um filme que exige
pensamento, obriga atenção, e se recusa a ser rejeitado. O tom Kubrick adota é
bastante diferente do livro de Burgess, mas é igualmente sombrio sob tons
claros, e da mesma forma sedutora, a história é muito boa e hoje é amplamente
considerado como um clássico, um filme amado por muitos e odiado por outros.
Nota: 10
Deixo uma música ótima claramente inspirada no filme:
Muito bom
ResponderExcluirEstá ótimo para um primeiro post cara Su Catherine, poderia delinear ou detalhar melhor cada tópico, trazer a riqueza de questões envolvidas no filme, e quem sabe não fazer uma breve ligação entre o filme e o livro, fazendo com que possa suscitar uma certa curiosidade. No mais, é somente isso e continue fazendo um ótimo trabalho.
ResponderExcluirAtt.
Alan